A Mesa Redonda Regional da UNEP FI para a América Latina e o Caribe foi realizada virtualmente de 31 de agosto a 2 de setembro de 2021 e deu as boas-vindas a mais de 1100 participantes e mais de 40 palestrantes para ajudar a definir o papel dos bancos, seguros e investimentos na formulação de estratégias ambiciosas para abordar a transição para um futuro de baixo carbono, inclusivo e sustentável. Todas as sessões foram realizadas em espanhol e português, com algumas sessões também em inglês.
A Mesa Redonda começou com uma discussão sobre tornar o sistema financeiro mais verde do ponto de vista regulatório. Os painelistas discutiram o papel dos reguladores na criação de protocolos verdes que normalizam a integração do risco climático, das metas de biodiversidade e do risco social na tomada de decisões do setor financeiro. Eles destacaram a importância de criar leis e marcos regulatórios que busquem proteger o meio ambiente e ajudar as instituições financeiras a alinhar suas agendas às metas ambientais. Isso inclui a concepção de ferramentas e mecanismos para incentivar o esverdeamento do sistema financeiro, como títulos verdes, relatórios de sustentabilidade e processos de divulgação, entre outros. O painel destacou a importância de os reguladores colaborarem com diferentes atores financeiros e educar o setor financeiro sobre questões de sustentabilidade, fornecendo dados sobre métricas de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, fazer recomendações ao setor financeiro para cumprir suas metas ambientais.
Na sessão seguinte, três CEOs de bancos e seguros da região discutiram os desafios e oportunidades que o setor financeiro enfrenta na América Latina e no Caribe para atingir metas líquidas de net-zero. O painel destacou os diferentes marcos regulatórios em vigor que visam ajudar as intuições financeiras a cumprir esses objetivos, ao mesmo tempo que discutiu a validade e eficácia de novas políticas públicas, definição de metas e risco climático. Eles também contextualizaram os desafios específicos para a América Latina e o Caribe a partir de outros esforços net-zero em todo o mundo, ao mesmo tempo destacando as oportunidades de negócios na região.
O primeiro dia da Mesa Redonda terminou com uma sessão focada em diferentes instrumentos de dados usados para analisar riscos ESG para atores financeiros. Os membros do painel forneceram uma visão geral dos processos de integração ESG de suas diferentes organizações, até que ponto eles integram o uso de dados nos processos de tomada de decisão e as estratégias gerais de ESG e sustentabilidade que suas instituições usam. Eles destacaram alguns dos obstáculos que existem no uso de dados para lidar com os riscos ESG, incluindo a falta de cobertura, a oportunidade para a obtenção dos dados, a falta de dados “acionáveis” e a necessidade de mais profissionais com conhecimento técnico para trabalhar os dados disponíveis.
O dia seguinte da Mesa Redonda começou com um painel analisando o mapeamento da próxima década de finanças oceânicas e da Economia Azul Sustentável. Os membros do painel enfatizaram a importância da economia azul como provedora de serviços ecossistêmicos essenciais, ao mesmo tempo em que identificaram os riscos relacionados ao clima contra os quais é necessária proteção. Eles discutiram como o setor financeiro desempenha um papel na integração da economia azul por meio do financiamento de projetos de restauração, mecanismos de seguro para proteger os recursos do oceano e a integração de práticas azuis nos instrumentos existentes, enquanto desenvolve novos mecanismos financeiros para melhor proteger a saúde do oceano. Eles enfatizaram a necessidade urgente de colaboração do setor público-privado, dados mais sólidos para a tomada de decisões, estruturas globais, bem como diretrizes para o desenvolvimento de investimentos para estimular a atividade na economia azul que gerem retornos para os atores financeiros.
O próximo painel enfocou o alinhamento de portfólios e a definição de metas para atender às metas de natureza e biodiversidade. As discussões giraram em torno de estratégias para integrar o capital natural aos sistemas financeiros. Isso inclui ajudar as instituições financeiras na mudança para modelos de negócios que integram práticas sustentáveis, enquanto fornece financiamento para projetos que fazem a transição para modelos econômicos que incorporam a proteção da biodiversidade e se alinham com os ODS. Os membros do painel enfatizaram que a colaboração com os clientes os ajuda a identificar e gerenciar constantemente os riscos por meio de indicadores de monitoramento, e a implementação de sistemas robustos de gestão de riscos constrói uma compreensão do impacto e conformidade com a legislação ambiental. Eles concordaram que oportunidades de financiamento combinadas, linhas de crédito verdes e recompensas devem estar disponíveis para aqueles que buscam proteger a biodiversidade, a fim de encorajar a criação e transição oportuna para uma economia regenerativa.
O painel final do segundo dia explorou o papel das instituições financeiras no financiamento de uma economia circular. O painel explicou em primeiro lugar as principais características de uma economia circular, nomeadamente garantir que o valor dos recursos naturais não diminua à medida que se move ao longo das cadeias de produção e a redução dos resíduos. Eles destacaram como as instituições financeiras podem mostrar liderança na transição para um modelo circular que incentiva a sustentabilidade. Eles também enfatizaram os clientes desafiadores, demonstrando as oportunidades disponíveis na transição para a economia circular e fornecendo financiamento mais consistente para aqueles que tentam promover um modelo de negócios circular, inclusive na forma de créditos disponíveis e novos produtos e inovações. Um ponto chave que eles enfatizaram é o papel das instituições financeiras, com a ajuda da assistência regulatória, como um elo de ligação entre os diferentes atores ao longo da cadeia produtiva por meio de financiamento para otimizar o fluxo de recursos.
O terceiro dia da Mesa Redonda começou com uma sessão sobre promoção da saúde financeira e inclusão para uma sociedade resiliente. Os painelistas discutiram a importância de fazer da inclusão financeira e da saúde um objetivo comercial central para as instituições financeiras na política e na supervisão, visto que são vitais para cumprir os ODS e, ao mesmo tempo, garantir que os excluídos do sistema financeiro tenham oportunidades iguais. Eles discutiram o fechamento das lacunas de financiamento e a expansão das ofertas e serviços financeiros, garantindo melhor acesso a taxas mais justas, contratos flexíveis e maior proteção ao consumidor com o desenvolvimento social sustentável e uma economia verde em mente. O painel destacou a importância de promover a inclusão financeira por meio da educação, das parcerias público-privadas, do compartilhamento de dados, da ajuda de reguladores e da tecnologia na difusão dessas informações.
Continuando com o tema da inclusão financeira, a próxima sessão abordou o alinhamento das metas de gênero e igualdade com as estruturas internacionais. O painel discutiu o papel do setor financeiro na criação e oferta de produtos e serviços às mulheres para eliminar a lacuna de gênero. Os palestrantes explicaram por que a igualdade de gênero é importante para suas respectivas organizações e a importância de desagregar os dados. Eles destacaram a importância de incluir mulheres de baixa renda, um grupo muitas vezes esquecido pelo setor financeiro, no sistema financeiro para fornecer-lhes melhores oportunidades. O painel também destacou as inovações necessárias para que as instituições financeiras avancem na redução da lacuna de gênero e igualdade.
A sessão final da Mesa Redonda Regional da América Latina e Caribe focou na promoção do acesso ao seguro e em usá-lo para cumprir os ODS. Os painelistas forneceram seus pontos de vista sobre os principais desafios e oportunidades na indústria quando se trata de alinhar seus produtos e serviços para garantir uma cobertura inclusiva e, ao mesmo tempo, cumprir os ODS. Eles enfatizaram o papel do setor de seguros em ajudar a combater diferentes crises, como a COVID-19 e as mudanças climáticas. Finalmente, eles discutiram a expansão da cobertura de seguro para pequenas e médias empresas e o que as seguradoras podem fazer para fornecer ofertas relevantes de gestão de risco climático.